Estuda, sem pensar. O capital precisa de ti!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

UMA REJEIÇÃO SAUDÁVEL

O escândalo era demasiado. A grande dádiva dos 700 mil milhões de dólares foi rejeitada dia 29 pelo Congresso dos EUA. A mobilização popular forçou os congressistas a terem um mínimo de decência — a diferença foi de apenas 28 votos (228 - 205). O sistema corrupto dos banqueiros-gangsters estado-unidenses não precisava ser salvo. Os trapaceiros da Wall Street, com os seus paraquedas dourados, não deviam ser premiados pelas suas malfeitorias. O eventual colapso da Wall Street será uma boa notícia. A sua ruína cria a oportunidade para um outro sistema financeiro, sob o controle público e fiscalizado por responsáveis eleitos. O neoliberalismo está morto. Só falta autopsiá-lo e enterrá-lo.

Ben Harper & Blind Boys of Alabama - Well Well Well


Scott McKenzie - San Francisco


John Lee Hooker - Boom Boom

domingo, 28 de setembro de 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

Origem do Universo – Expresso – 24.SET.2008

Hawking diz que explicações da Ciência não deixam espaço para Deus
O famoso cosmólogo acha que a Ciência está a dar cada vez mais respostas a perguntas que pertenciam ao domínio da religião.

EUA: nacionalização dos prejuízos

Na continuação das intervenções governamentais em relação à crise que varre os EUA, Bush apresentou um novo plano que visa investir 700 mil milhões de dólares (cerca de 475 mil milhões de euros) em empresas à beira da falência. Trata-se de uma efectiva nacionalização dos prejuízos, à custa dos contribuintes. Se tal plano se concretizar, cada norte-americano (homem, mulher ou criança) terá de contribuir com cerca de 1.500 euros para mais este remendo no sistema económico e social dos EUA. Já não referindo o que habitualmente paga para as guerras em que o seu país se envolve pelo mundo fora.

http://www.jornalmudardevida.net/?p=1196

É PERIGOSO ESTAR CERTO QUANDO O GOVERNO ESTÁ ERRADO.

Voltaire (1694-1778)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Jerónimo e os Gatunos


No seu discurso por ocasião da Festa do Avante!, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português, proferiu algumas curiosas declarações acerca de «o sobressalto e a justa preocupação dos portugueses» relativamente às «medidas concretas que no curto prazo possam suster o avanço da criminalidade». Mas quando as pessoas mais recordadas da dialéctica marxista esperariam que Jerónimo de Sousa reivindicasse uma repartição menos desigual dos rendimentos e uma luta contra a pobreza nos bairros marginalizados das periferias, o que ouviram foi a reclamação contra a «falta de polícias nas ruas das nossas vilas e cidades».

Este discurso da ordem destina-se provavelmente a atrair aqueles trabalhadores que, pondo as questões de segurança à frente das questões de classe, aceitam o simplismo reaccionário com que a direita, a televisão e a imprensa popular gostam de apresentar o problema; porque Jerónimo de Sousa sabe tão bem como nós que nunca há mais ladrões por haver menos polícias, mas, ao invés, que há sempre mais polícias por haver mais ladrões. A causa dos roubos é muito diferente. E se de um lado se aumentam a pobreza e a precarização do trabalho e do outro lado se aumentam os efectivos policiais, no meio o que é que fica?

Há mais de século e meio, o genial romancista Balzac, que apesar de ser politicamente conservador era muitíssimo mais atento do que Jerónimo de Sousa às contradições sociais, explicava pela voz de um dos seus mais pujantes personagens, uma espécie de anarquista individualista: «Os inimigos da ordem social aproveitam-se deste contraste para se esganiçarem contra a justiça e se indignarem em nome do povo porque se manda para os trabalhos forçados alguém que numa noite vai roubar galinhas num recinto habitado, enquanto se condena só a alguns meses de prisão um homem que arruína famílias com uma falência fraudulenta, mas estes hipócritas sabem muito bem que ao condenarem o ladrão os juízes defendem a barreira entre os pobres e os ricos, que se fosse derrubada traria o fim da ordem social; enquanto o autor da bancarrota, o hábil interceptor de heranças, o banqueiro que dá cabo de um negócio em seu benefício não provocam senão transferências de fortuna».

Pois é. Roubar quando já se tem dinheiro no bolso é muito diferente de roubar quando não se tem dinheiro nenhum.

http://www.franciscotrindade.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um tribunal britânico considera legítima ( apesar de ilegal) uma acção da Greenpeace


Anjos e não demónios, idealistas e não vândalos, devem ser assim qualificados os militantes da Greenpeace. Foi assim que decidiu no passado dia 10 de Setembro um tribunal britânico que considerou que uma acção da conhecida organização ecologista era «legalmente justificada», num processo intentado pela empresa onde se realizou a acção directa.

Tudo se passou em Outubro de 2007, quando seis militantes tomaram de assalto, segundo uma técnica de comandos, e mostrando uma enorme coragem e temeridade, a chaminé, com uma altura de 200 metros, da central de carvão de Kingsnorth (Kent), com o objectivo de paralisar a fábrica. O grupo de activistas tinha entretanto pintado na mesma chaminé, com letras garrafais, o nome do primeiro-ministro, Gordon Brown.

O júri estimou que os prejuízos causados – estimados pelo operador E.ON em 30.000 ( 37.688 euros) – foram motivados por uma justa causa, e cujo valor era muito mais importante: a salvaguarda do planeta. O local e a empresa escolhida para aquela acção da Greenpeace deveu-se ao facto de estar previsto a construção no mesmo local de uma nova central, peloprincipal operador alemão de energia, e cujo investimento elevar-se-á a 1,5 milhoões de libras.

O testemunho pessoal de Jim Hansen, uma das sumidades mundiais na questão do aquecimento global, faz pender decisivamente a balança do processo judicial. Com efeito, e segundo o climatólogo-chefe da NASA, e também conselheiro do antigo vice-presidente norte-americano Al Gore, as 20.000 toneladas de dióxido de carbono que são emitidas por aquela central de Kingsnorth podem ser as responsáveis pela destruição de 400 espécies.

Por seu turno, Zac Goldsmith, uma das figuras do movimento ecologista, e próximo do líder conservador David Cameron, sublinhou que a construção de uma nova central «tornava mais difícil as pressões sobre países como a Índia e a China para que reduzam o recurso ao carvão que serve para produzir a electricidade».

Este veredicto já não é o primeiro no género, porquanto em 2000 os eco-guerreiros da Greenpeace já tinham destruído milho transgénico em Norfolk, e foram absolvidos com os mesmos argumentos. Noutra ocasião também 5 activistas que tinham ocupado uma incineradora foram declarados, mais uma vez, não-culpados.

Escusado é dizer que os grandes grupos empresariais de energia receiam que esta decisão judicial encoraja os ecologistas a multiplicar as acções contra projectos de construção de reactores.

Resta só acrescentar que o tribunal judicial que tomou esta decisão foi um Júri popular composto por 12 membros, sem a presença de qualquer magistrado profissional. Este tipo de tribunal é constituído porque o pedido indemnizatório era muito elevado, pelo que não era suficiente um Juiz singular, sendo necessária a constituição desse Júri. Este facto terá certamente consequências no futuro: os pedidos de indemnização a pedir pelas empresas serão mais baixos para evitar os Júris, de forma a que estes processos sejam julgados por um único juiz, com formação profissional, mais inclinados a seguir os que diz a lei, e não os interesses da comunidade e do ambiente


Fonte: Le Monde

Pior que a crise de 1929?



Muitos analistas pensam que a derrocada do mercado hipotecário nos Estados Unidos detonou uma crise pior que a de 1929. A ideia central é que as coisas se estão a por realmente feias em muitos outros segmentos do sector financeiro. Os números e as ramificações assim poderiam indicá-lo. Para Nouriel Roubini – um dos analistas mais respeitados desse país –, a crise poderia ter um custo total próximo dos 3 milhões de milhões de dólares, algo como 20 por cento do seu gigantesco PIB. Isso seria um golpe brutal à economia estado-unidense e do mundo.

Apesar dos sinais de alarme, uma das razões pelas quais a crise actual não é percebida na sua justa dimensão deve-se a não se ter produzido algo semelhante à Terça-feira Negra de 1929. Nesse dia, numas quantas horas, o espectacular ajuste de contas adquiriu dimensões cataclísmicas e fortunas inteiras foram apagadas do mapa contabilístico.

É certo que hoje presenciamos episódios como o do banco Bearn Stearns ou a ameaça de insolvência da Fannie Mae e do Freddie Marc, mas, até este momento as quebras estiveram limitadas ao sector financeiro, bancário e não bancário. E ainda que haja algumas empresas gigantes nas manufacturas que estão a passar apuros, a economia estado-unidense está longe de uma segunda fase da crise, que seria equivalente à Grande Depressão, com sua sequela de quebras, desemprego e destruição maciça da capacidade produtiva.

Entretanto, as ramificações podem ir muito longe e parece que cada vez há menos margem de manobra para as autoridades económicas. Depois de tudo, durante os últimos 20 anos a economia estado-unidense alimentou-se de bolhas que lhe permitiram crescer e manter níveis de emprego adequados. Esses tempos já acabaram.

A bolha dos anos 90, no valor dos títulos financeiros, deu uma ilusão de riqueza a muita gente: podiam brincar de ser correctores da bolsa, a comprar e vender títulos pela Internet. O ajuste destruiu essa ilusão nos fins dessa década, mas começou a inchar outra nova bolha: a dos bens imobiliários. Nos últimos 10 anos, boa parte da capacidade de endividamento e consumo dependeu directamente do valor garante dos bens imobiliários. Esta segunda bolha sacou a economia estado-unidense do buraco em que havia caído por volta de 1999, mas hoje também arrebentou.

Ambos os episódios foram ajudados por uma política de laxismo monetário poucas vezes presenciada e um frenesim de eliminação de regras sobre as operações do sistema financeiro. Essa desregulamentação adoptou muitas formas, mas uma das suas piores manifestações consistiu em eliminar as barreiras entre a actividade dos bancos e a do sector financeiro não bancário. Em teoria, os bancos devem ser manejados sob regras prudenciais estritas, ao passo que as correctoras, qualificadoras e outros agentes estão mais próximos da especulação. A desregulamentação aboliu a fronteira e por isso o desastre hipotecário hoje alcança dimensões gigantescas. Prognostica-se que centenas de pequenos bancos locais e dezenas de bancos regionais nos Estados Unidos terão desaparecer devido à sua extraordinária exposição creditícia no sector hipotecário e altíssimos níveis de carteira incobrável. Num par de anos a paisagem financeira dos Estados Unidos vai sofrer mudanças muito importantes.

A única coisa que está a manter os Estados Unidos a flutuar neste momento é a gigantesca injecção de liquidez do resto do mundo. Só neste ano, vários bancos centrais financiaram o pacote de resgates da Reserva Federal e do Tesouro. Esse fluxo de capitais foi o que permitiu à economia estado-unidense não ir à pique e evitar o destino fatal que tiveram as chamadas economias emergentes nas crises financeiras dos anos 90. Não é seguro que o défice fiscal possa continuar com este esquema de financiamento.

Qualquer intervenção nova deverá ter a cobertura dos bancos centrais desses países. Mas, o que se vai passar? A China tem os seus próprios problemas e continuará a evitar a revalorização do renminbi e isso não convém aos Estados Unidos. O ajuste externo para reduzir o défice externo deste funciona pela contracção das importações, mas o efeito de destruição de empregos no resto do planeta é um obstáculo para continuar a receber esses fluxos de capital. A guerra das desvalorizações poderia recrudescer.

Talvez o mais importante no momento é que não há perspectivas de outra bolha que possa resgatar a economia estado-unidense. De facto, os únicos preços que estão a inchar são os das mercadorias básicas: energia e alimentos. Evidentemente, isso não vai ajudar o consumo, o emprego e o crescimento. O fantasma da Grande Depressão não se afasta e, na verdade, a crise pode ser muito pior que a de 1929.


30/Julho/2008

O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2008/07/30/index.php?section=opinion&article=029a1eco

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

OS ADORADORES DO DEUS MERCADO

Os adoradores do deus mercado, os adeptos do neoliberalismo, os entusiastas do capitalismo high tech, os analistas económicos que debitam vulgaridades nos media "de referência", todos eles estão agora confrontados com uma realidade brutal: a ruína do capitalismo, pelo menos da forma em que o conhecemos. Estes últimos sete dias representaram uma viragem na história do capitalismo mundial (nacionalização de facto dos passivos da Fannie e do Freddie, falência do Lehman, salvamento da AIG, aumento gigantesco da dívida externa dos EUA, início do reflacionamento da economia estado-unidense).
Há que ser claro: o que o Federal Reserve e o Tesouro dos EUA querem salvar não é a economia dos Estados Unidos e sim os seus banqueiros. O plano em curso é para reflacionar os activos imobiliários a fim de minorar os desastrosos balanços dos bancos. Por isso aumentarão o endividamento da população daquele país. Ou seja, resolvem um problema de dívidas insolventes com a acumulação de ainda mais dívidas. Trata-se de uma neo-escravização através da dívida. A repartição do rendimento nacional dos EUA obviamente irá piorar.
A procissão ainda vai no adro. A crise sistémica do capitalismo está longe de acabada. As sequelas e repercussões pelo mundo afora têm desdobramentos que mal se podem adivinhar. O risco de o imperialismo empreender uma fuga para a frente através da guerra é enorme. Tudo isso num pano de fundo de uma realidade física inescapável: o mundo já atingiu o Pico Petrolífero, o que tem consequências fundas.

1.000.000 terroristas

Já vai em um milhão de nomes a lista de nomes de terroristas a serem observados no império bushiano. A lista inclui membros do Congresso, freiras, heróis de guerra e outros com "carácter suspeito". Nos aeroportos e em outros lugares as pessoas na lista são retidas, interrogadas e vexadas.
Ver notícia em ACLU.

vitória!

Estrangulamento financeiro das universidades públicas: política do governo para obrigar à comercialização do ensino

[Algo vai muito mal.
São anos sucessivos de sub-orçamentação: desde 2005, uma diminuição de 25%!!!
É o forçar da comercialização da educação superior, fatia mais apetitosa do sistema público de ensino, aquela que tem mais perspectivas de dar lucro.
Entretanto, a qualidade «que se lixe»! Para não falar da letra e do espírito da constituição que estes governantes desde cedo atiraram para o «caixote do lixo da história». Só «cumprem» aquilo que lhes convém do texto base da nossa «democracia». O texto constitucional é bem claro ao estabelecer que o ensino é tendencialmente gratuito, devendo ser assegurado pelo Estado, garantindo este equidade no seu acesso.
No caso do ensino superior, a desorçamentação, vai puxar para baixo a qualidade: vai haver uma proporção maior de alunos por docente, vai diminuir a componente de pesquisa, essencial para que o superior não seja uma mera caixa de ressonância de conhecimentos adquiridos por outros, mas também produtor de novos conhecimentos.
Nada disto interessa... ou interessa que seja tudo pior: assim vai-se convencer as universidades estatais a cairem nos braços de mecenas privados, que vão exigir contrapartidas, além de ser favorável para as universidades privadas!!

Vejam a notícia abaixo, da TSF
MB]


Universidade de Lisboa acusa Governo de estar a prejudicar qualidade
Hoje às 09:09

O Senado da Universidade de Lisboa acusa o Governo de sugerir às universidades práticas de sub-orçamentação, obrigando-as a medidas de comercialização do ensino e a uma desqualificação do corpo docente.
Uma crítica que se segue à do presidente do Conselho de Reitores, Seabra Santos, que na semana passada tinha afirmado que a actual fórmula de financiamento do ensino superior incentiva à gestão danosa.
O Senado da Universidade de Lisboa fez também críticas no mesmo sentido numa deliberação aprovada a 11 de Setembro e que chega agora ao conhecimento público.
No documento, acusa o Governo de obrigar as universidades a comercializar o ensino e a desqualificar o corpo docente.
Na base das críticas está a redução das verbas transferidas pelo Estado para assegurar o funcionamento da instituição, valores que desde 2005 diminuíram cerca de 25 por cento.
Por este motivo, escreve o senado, a situação económica da instituição é dramática. com consequências a vários níveis, a qualidade do ensino, o desenvolvimento de políticas estratégicas e os recursos humanos.
A Universidade de Lisboa é uma das cinco que tiveram os aumentos mais baixos em relação ao Orçamento de 2009, na ordem dos dois por cento abaixo, do valor previsto da inflação.
Na semana passada, depois das críticas do presidente do conselho de reitores, o Ministério do Ensino Superior veio dizer que só falará sobre o financiamento das universidades depois da aprovação do Orçamento de Estado para o próximo ano.

http://www.luta-social.org/

domingo, 21 de setembro de 2008

Santo ódio à liberdade de expressão

O Vaticano tem pressionado severamente o Ministro da Justiça italiano para que o comediante Sabina Guzzanti seja punido pelas suas declarações.O humorista italiano disse que o Papa vai para o inferno por causa de sua interferência nas questões dos direitos dos homossexuais.

http://www.ateismo.net/

“Portugal, país do primeiro mundo rico, tem hoje dois milhões de habitantes que necessitam de ajuda alimentar. Com a persistência da política anti-social, mitigada por esmolas, daqui por uns anos terá três milhões.”

João Paulo Guerra, “Diário Económico”, 19 de Setembro de 2008

República Popular toma conta de Wall Street

Depois de nacionalização do Bear Stearns, da falência do Lehman Brothers e da compra do Merrill Lynch pelo Bank of America, já só restam 2 dos 5 grandes bancos de investimento independentes dos EUA: o Goldman Sachs e o Morgan Stanley. Hoje ficámos a saber que este último se prepara para vender metade do seu capital ao fundo de investimento público chinês. Quando a desconfiança se generaliza nos mercados desregulados, o melhor mesmo é recorrer a quem nunca alinhou em euforias liberalizadoras...

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Para conhecer, ler, tentar perceber



Josef Mengele tinha um sonho: o aperfeiçoamento da espécie humana, melhorada através da ciência, como forma de alcançar o domínio supremo de uma raça superior. Para o capitão médico, responsável pelo campo de concentração nazi de Auschwitz de 1943 a 1945, este era, acima de tudo, um acto de dever para ser levado a cabo com total disciplina. Com um simples aceno de mão ou um movimento seco do bastão, Mengele seleccionava os prisioneiros chegados a Auschwitz: os que deviam trabalhar até à morte, os que seriam imediatamente gaseados ou os que serviriam de cobaias para as suas investigações médicas. Sem qualquer compaixão, Mengele efectuava as mais terríveis experiências com seres humanos, transformados em autênticas cobaias. A sua particular obsessão eram os gémeos. Depois de cinco anos de investigação, com acesso exclusivo e irrestrito a mais de cinco mil páginas de escritos íntimos de Mengele e fotografias inéditas, Gerald L. Posner e John Ware retratam a vida deste homem, do nascimento à morte. Separando os factos das lendas que existem sobre o mais famoso médico nazi, os autores recriam a vida do homem que se tornou na verdadeira personificação do mal; o «Anjo da Morte» de Auschwitz. Apesar de todos os esforços para o capturar, Mengele passou 35 anos da sua vida em fuga. Depois de muitas notícias sobre a sua eventual morte, faleceu aos 68 anos, no Brasil. Sem nunca ter sido julgado pela Justiça e sem nunca ter manifestado quaisquer remorsos pelos seus actos.

retirado de:

Para conhecer, ler, tentar perceber


Durante 35 anos, Maria da Conceição Rita privou com António de Oliveira Salazar. Nenhum laço familiar os unia, mas com apenas seis anos, Micas, como Salazar carinhosamente a chamava, foi viver para a residência do «Senhor Doutor», por intermédio da sua familiar (por afinidade) Maria de Jesus Freire, a governanta de Salazar. Na primeira pessoa, a pupila de Salazar conta-nos os gostos gastronómicos do seu «protector», descreve o seu quotidiano até agora desconhecido, evoca as fábulas que o Presidente do Conselho lhe contava ao adormecer, recorda tanto as lições de tabuada e História como as raras confissões políticas que ele lhe fazia em passeios nocturnos pelos jardins de São Bento, explica a forma como a economia doméstica de São Bento era dirigida.
retirado de: