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sábado, 27 de fevereiro de 2010

A escumalha da (ou na) ilha da Madeira...

Notícia retirada do jornal "SOL" :



" Quando Alberto João Jardim, no próprio dia da tragédia, declarou que as notícias das enxurradas na Madeira deviam ser passadas com discrição 'lá para fora', estava dado o mote. Dois dias depois, esta estratégia de comunicação estava a ser concretizada, com 12 vídeos colocados nas redes sociais da internet, reproduzindo imagens de um Funchal onde nada parecia ter acontecido.

Turistas passeando pelas avenidas da Baixa que não foram atingidas, comerciantes a varrer(...) e o céu azul a brilhar sempre em fundo. Nem um sinal da desgraça abatida sobre a cidade.

Os filmes foram feitos ao estilo de vídeo amador na segunda-feira e colocados no dia seguinte no youtube. E são apresentados com o título 'A Reconstrução da Madeira' e 'Madeira after the storm' no twitter do Governo, alimentado, agora quase ao minuto, por um dos assessores de Alberto João."



"Internamente, a preocupação do Governo Regional em 'esconder' a tragédia que se abateu na ilha tem, no entanto, outras leituras. A oposição e os movimentos ambientalistas atribuem esta estratégia também à tentativa de evitar a discussão sobre os graves erros de planeamento urbanístico cometidos por toda a ilha e a 'construção selvagem' que se multiplicou ao longo das últimas décadas nas zonas urbanas.

Neste momento, e como comprovou o SOL, parece mesmo haver zonas interditas. Quarta-feira, o ambientalista madeirense Raimundo Quintal foi impedido de fotografar a zona junto do edifício de Minas Gerais (na esquina da Praça do Infante) e ameaçado pela PSP de ficar sem a máquina. Quintal recolhia imagens para avaliar a estabilidade de algunas edifícios construídos perto das ribeiras, depois da enxurrada do passado Sábado."





Afinal o tema banal da "asfixia democrática" até tem algum nexo.





"O debate sobre os erros urbanísticos está, de qualquer modo lançado na comunidade madeirense e também nacional.


A oposição local, num primeiro momento, preferiu evitar o aproveitamento político da situação, tendo-se multiplicado em declarações de pesar e solidariedade para com as vítimas da tragédia. Mas, assim que Jardim recusou declarar o estado de calamidade na região, as críticas não se fizeram esperar.


Os técnicos - geógrafos, ambientalistas e arquitectos - é que não esperaram e, desde o próprio dia da enxurrada, têm justificado parte da dimensão da tragédia com exemplos de má gestão urbanística.


Um desses exemplos, que o SOL ontem verificou, tem a ver com a Capela das Babosas, na freguesia do Monte - uma das mais afectadas no Funchal -, que foi totalmente destruída pelo aluvião, não restando nem um vestígio do que foram as suas paredes. Um pouco abaixo, duas vivendas desapareceram também totalmente.


Acontece que, segundo as informações recolhidas pelo SOL, mesmo atrás desta capela existia há vários anos um aterro - que a câmara do Funchal agora diz desconhecer, admitindo por isso, segundo a imprensa local, ser 'ilegal'. Este aterro servia para depósito de terras de entulho de obras feitas em toda a cidade.


À entrada, o dono do aterro tinha colocado um contentor, segundo as nossas fontes, que servia de 'bilheteira' aos camiões que ali despejavam o lixo. Este contentor foi também arrastado e terá sido responsável também pela destruição das casas logo abaixo. Pelo menos duas pessoas (uma mulher e uma criança) perderam a vida nesta enxurrada."





Os irresponsáveis Presidente da Madeira Alberto João Jardim e Presidente da Câmara Municipal do Funchal Miguel Albuquerque (à direita)








Os meus parabéns ao SOL pela qualidade, bravura e honestidade do jornalismo.

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